sábado, agosto 26, 2006

A expectativa


caso eu goste,
caso eu encontre
e por acaso me note,
caso esse encontro me primavere a face
feliz a beira mar cantarei novíssimas canções.
caso me olhe
e assim no olhar, que possa então
fazer os trajetos curvos e emocionantes da mocidade,
lembrando me que não estou cá a própria sorte
nem lá que não me queira...
estarei eu sim lã e cã
ao redor, atrás, onde estiver você
e quiser que esteja eu
cuidando-lhe os passos
trovando-lhe quimeras
beijando-lhe a áurea branca de anjo sorridente
caso a gente brigue, se por acaso isso aconteça
todas as flores! serão benditas e eternas
para compensar minhas faltas!
e caso amanheça você sem mim
o sol lhe trará meu beija-flor,
da alegria do dia anunciar-lhe
porta voz singelo do que é todo seu
e minha saudade beijará seu rosto em flor
caso não ocorra de me perdoar
saberá você que a água ardente
não me punirá o suficiente a ausência sua
e morrerei eu então a deriva no mar morto do meu vivo amor
de solidão...
mas acaso um dia lembrar você de mim,
me vá buscar lá nesse mar
de saudade sem fim
e me beije assim você a face minha, a boca minha
e a alma minha
renascerei eu então no instante do coração, no quando do coração
que a nada de tempo vê passar
que só vê que você sem mim não haveria
que não me vê sem você pois morreria
porque eu sou de você, você de mim e somos nõs da eternidade
e assim o disse, quem duvidaria?
se caso duvidar...
duvide você também do nascer do dia.

quinta-feira, agosto 24, 2006

estranha.

strange girl, oil on canvas - Meredith wells


Vai doida, vai pazzia, vai minha loucura
sai desse mundo mórbido
se desprende dessa corrente de gente sem sal
vai ver outro mundo, encontrar seu caminho, vai ver gente de verdade
que só se encontra atrás de muita cicatriz
sai dessa bolha gosmenta, quebra essa gaiola
desmonta essa feira
quebra tudo, arrasa!
joga as máscaras no chão!
desnuda-os, transforma-os em teus semelhantes
derrama teu sangue até não poder mais
deixa jorrar tua dor por ser incapaz
dá a cara a tapa e a loucura em revide na bandeija
bate a cabeça, esmurra a ponta da faca
mas não seja mais ninguem
deixa o ódio te abraçar
dá as mãos a tristeza
mas não seja mais ninguem
nao ceda, nao ceda, doida!
apenas seja...
aquilo que você é,doída mas é
o final te espera com tua ventura
e descobrirás feito Napoleão ( o preferido dos lunáticos)
que o mundo de tuas idéias não tem preço, nem carece vergonha
que não se apagam teus critérios
não se anula teu sorriso pela quantidade de lágrima com sal que caiu de teus olhinhos de criança
a loucura mais sensata a tripudiar
do racional, vagabundo e barato
bom senso dos mascarados
pois quem é doido não tem máscara
e sim um carnaval em si...
não importa quantos lerão
escreve, doida, tua carta
dá tua carta e não cala a voz
que é um direito teu de gritar
o que poderão dizer?
que és louca?
aí teu canto TE responderá
risonho,tristonho, medonho
Sou eu, TUA loucura, muito prazer!

domingo, agosto 20, 2006

In-Insanidade




Te digo e de graça como me torno pródigo,
Como uma produção, improdutiva e insatisfeita de pensamentos,
Errantes,desejados de informação válida.

Quando penso demais,
Constantemente demais,
Indescritívelmente demais,
Me torno muito menos,
Por demais que seja.

Com um lápis cansado por entre linhas deveras,
Com uma mão esquecida de entre linhas deveras,
Com uma mente escassa de palavras deveras,
Deverás me ajudar a ajudar aqueles em que palavras procuram ajuda.

Se eu procurasse palavras certas,
Para esbanjar meu pudor leigo,
Seria menos importante demonstrar,
Como de um louco saem divinas idéias.

No constante inconstante do que sou,
Eu lhe digo companheiro:''Ninguém é mais normal do que um louco assumido''.


Por Janaina Amarante

quinta-feira, agosto 17, 2006

Continuação...





Quando o brilho de vênus desaparece do céu
nenhuma estrela mais tem graça, nenhuma estrela mais tem.
só vênus e o céu
e os mesmos olhos tristes a procurar
por entre as brumas noturnas
o brilho inigualável
que em mim acenda de novo poesia,versos,
notas e lareiras...
que acenda de novo meu céu
pois dele é o sol
que volte e me transmita exatamente
seu centenário de raios vitais
que faça de mim de novo
dona dos meus sonhos
criança dos meus sonhos
noite e dia dos meus sonhos
que brilhe, brilhe e brilhe
e nunca deixe de brilhar
nem que eu lhe peça
mesmo que morra!
pois o passado desse brilho sacia meu presente...
o passado dessa energia
alimenta grandes quantidades de agora
...me perco no êxtase de te contemplar
estrela linda do amor...porque do amor sou amadora
e assim também me perco na poesia...
me perco nessa expansão incontrolável
nessa proporção de universo que tomaste em mim
derrubando-me as letras
a cadeira e o pequeno abajur laranja, derrubando tudo que eu tinha
que eu era...
cegando-me para as demais bobagens celestiais
para seguir teu clarão, não abandoná-lo jamais!
te seguir aqui dentro...
eu sou do tamanho do céu, do seu.
sou do tamanho do...
sou de Vênus.


*foto "roubada" do rev. Andrew King :P

quarta-feira, agosto 16, 2006

sem

...acontece que um dia a hora chega,
em que o brilho do céu noturno se esconde atrás de muita treva
os olhos que se quedam cansados, nesse dia
vão desistindo de sonhar, sem nem perceber
como um velho solitário na nostalgia dos fins de tarde sem visitas
um asilo para antigos sonhos...
vão morfando assim os sorrisos
envelhecendo a empolgação
que aos poucos se transforma em rugas ao redor da janela
um copo de café com leite ou chá é o calor mais próximo
e substitui as mãos ávidas do amor... as mãos lareiras do amor
a flecha que foi solta no ar, caiu no deserto distante, no meio da areia
sorte ou azar?
quem vive sem amor
amanhece cansado, apodrece em sua magnitude
desperdiça rios de material humano, já nasceu velho e sabe disso!
desiste de fazer poesia,
quem perdeu seu amor perdeu junto sua poesia...
e sem amor e sem poesia a vida é só uma nota triste, de repetição maçante
um relógio velho e quebrado,
marcando sempre cinco horas...

sexta-feira, agosto 11, 2006

sou sou sou...você.



Sou de quem ama, culpa.
Pergunta entalada na garganta,
resposta ecoando nas paredes de um débil coração...
sou a força do não que se faz sim no silêncio prolixo do olhar
o avesso da indiferença...
sou trezentos anos de seu orgulho mal vivido
sou o que você não queria ser:
uma bandida.
Deflagrada em uma falsa inocência
um grito em seu silêncio,
o martírio fincado no seu prazer
o marco de sua autonomia,
alvo de um desejo amador
diferença reconciliadora que garante sua sanidade
entende? que sou o medo em seus cílios inquietos e
o nome do seu pecado?
a denúncia de seu crime,
aquela dorzinha em seu peito,
o amor escondido em seu leito...
a causa da sua guerra,
sua ideologia partidária
o sangue na sua batalha,
espada encravada em seu travesseiro
a doce música que lhe embala o sono
a imagem dos seus versos
eu sou os quatro cantos do seu universo!
sou eu assim...
um sem fim compulsório
meu ser, desprovido de mim
mergulhado em você...

terça-feira, agosto 08, 2006

Carta de mais um exagerado


Não, não há outro motivo pelo qual escrevo

Ninguém nasceu, ninguém morreu

A doença ainda não acometeu nenhum dos membros

dessa família e as crianças ainda estão feito loucas correndo pela casa...

E antes que me perguntes, ainda não consertei a fechadura do portãozinho de entrada

Aquele paletó ainda está sem botão também, eu sei, eu não tomo jeito, tu sempre dizes e provavelmente estás pensando agora...

Sei que isso não é assunto pra agora já que temos muitas contas a pagar

Tenha um pouco mais de paciência e tudo se resolve, não sou eu que estou dizendo?

Mas é que tu dominaste e continuarás a dominar

As reentrâncias cavernosas de meu ser

Tu és o grito ecoando solitário entre as fendas vazias de mim

Um tipo felino mesmo sabe? Se vira tão bem no escuro!

É que não sei dizer essas coisas, mas se eu fosse chuva tu serias os trovões

Se eu fosse terra, então serias as sementes das flores...as flores...

Perpetuas teu domínio com espetáculo em cada cantinho do meu pensar

Reinas absolutamente

Soberanamente te estendes em cada detalhe

Penso que o ato a mim não mais pertence

E nessa ausência, estou conjugando contigo, no tempo, o forte verbo

E mostrando no espaço, que se burlam limites sim

Até o horizonte, que lá se encontrem!

Ao inferno todos eles que nos impedem de fluir!!!

meu amor me entenda...

tu és toda minha tentação

a que faço questão de não resistir,

a todas as outras me aplico religiosamente ás leis da fé

o impossível, esse já não me interessa...então não reclame

vamos ficar juntos, como deve ser não é?

Com o exagero daqueles que se permitem

Peço licença a eternidade

Preciso viver esses instantes

Com a assinatura dos loucos, amor

Lavro mais essa

E com a redundante pieguice de todo amante

Até mais ver,

EU, o próprio amor....