domingo, março 30, 2008

a praia.





Se querem saber o que te desejo e como
Diz que eu desejo o bem e o mal de Sócrates.
O que de melhor poderia eu desejar-te?
Te liberto de um vão subjetivismo egoísta, como se assim pudesse...
Sente o vento na face?
É tua liberdade que te chama com carinho,
Vai com ela, dá-lhe a mão
Tu conhecerás a ela
E ela a ti fará ser o que és, com exatidão.
Mas vai humilde
Mas vai ousando
Percebe a terrível contradição?
Pesa-a na balança do teu espírito
E saberás a medida exata desse encontro
Sem que se ecloda a guerra...

quinta-feira, março 27, 2008

um poço no fundo




passo do ato insensato
do estado incompleto
do fato incontado
de caso inesperado
de estar sem você
pesa no peito o sujeito
agora suspeito a falar outra vez
erro sintático
código ótico
inútil efeito
sem base de cálculo
eu sinto talvez
já que não posso
esconder é um fato
trocados os pórticos
cansados os fôlegos
eu conto até três
é que no fundo
o caso do mundo
está no profundo
querer sem poder
poder sem sentir
sentir e querer
e não ter pra poder
o fato concreto
do caso encerrado
escrito e lavrado
que tenho pensado
é que amo você

quinta-feira, março 20, 2008

Serei eu?


Ignorava os fatos enquanto sentia a brisa salgada do mar em meu rosto.
Meus olhos fitavam o horizonte infinito mas sempre igual. Não havia esperança.
O vento me contava esse segredo quando um barco solitário surgiu no meio do nada.
Trouxe água para meu deserto. Bastou um olhar. Com olhos de verdade contemplou a inteireza da minha solidão...eu ignorava os fatos, mas a Verdade vestida de bronze que encontrara naquela tarde não precisou dizer nada para que eu a reconhecesse.
Entrou em mim feito espelho, nele encarei meu próprio pesadelo : eu mesmo. Mas a Verdade estava do outro lado me estendendo a mão.
Serei eu?
Me puna com o silêncio prolixo de seu olhar se assim bem o parecer, pois esse monstro que contemplo agora nesse espelho já foi capaz de muitos horrores, mas não me diga que com um beijo para morte eu o entregaria...
Prefiro eu morrer, matar, destruir o que já é morto e destruído em mim. Entregar a Verdade em mãos imundas não fazia parte dos meus planos. Serei eu a mentira?
Minha condenação se encerra no sofrimento da Verdade e da Vida que se entregaria de livre e espontânea vontade...
Senhor, serei eu o destino de tão amoroso olhar?
Eu ignorava os fatos. Porém jamais poderia me furtar daquela Verdade.
Naquela tarde minha vida era dEle na mesma intensidade em que o céu era do mar no horizonte infinito.

sábado, março 01, 2008

Aquela que nasceu livre

O dia estava escuro quando a estrela do norte resolveu ventar na solidão
De seu desejo, fez-se ar
foi do mais alto ponto no céu e desceu
Até o ponto mais fundo do oceano...
Porque sabia que somente da união desses pontos eqüidistantes
Conseguiria se transformar naquela que não era nem do céu nem tampouco era do mar
Um alguém que poderia ir sempre além,
de natureza que transcende linha do horizonte...
Moça de vestido vermelho longo, feito rio de sangue, vida
Tecido cravejado de flor amarela de brisa matutina
Flauta doce musicada por arcanjo no raiar do dia...
Poder de adormecer desespero pétreo
Que solidifica grito de medo em silêncio existencial.
Ela nasceu e foi bem vinda
Nasceu e abraçou a vida com a simplicidade de uma menina que abraça o travesseiro ao dormir
Num daqueles dias em que a lua vem mimar o mar, eu a vi
Os cabelos ao vento , livres
Lembrando sempre o espírito da verdade que é
Gera sorriso e liberdade onde passa e quando passou por mim...
Liberdade calada, clareada, azulada, estrelada
Que somente Aquela que nasceu livre possui..
A liberdade desenhada naquele dorso quente e macio congelou meu sorriso
Numa constante dança de ventre livre que dança e balança junto as ondas do mar...