segunda-feira, abril 09, 2007

haja esperança


Ver a chuva passar
ser oráculo desse encontro de céu com terra
pressagiar boas vindas ternas
bendizer a calmaria que o temporal anuncia, a fazer barquinhos de papel como criança...
absorver cada gota que o vento traz, como gotas do próprio sangue,
e fazer o mundo parte de si, por já ser dele em todas as partes...
é como precipitar-se de cima de uma nuvem para tocar a redondeza da terra com as mãos
abraçando a vida e seus confins...
qual nuvem cinza carregada esperando sinal de Deus para chover
qual bolsa que se estoura no ventre daquela que sente dor para ver nascer...
alegria que se anuncia aos prantos
como essa chuva que cai agora
como um sinal triste e breve
de um novo dia tranquilo e alegre.

quarta-feira, abril 04, 2007

breve tragédia de tempo


O rio secou!
anuncia o grito seco
cheio de desespero de alguém que perdeu sua alma.
Morreram os peixes ao nadar por sobre a areia...
e as pessoas que respiravam ao redor lamentaram-se
e juraram ao sol que, se fizesse chuva de tanto calor, lavariam de si
também os pecados...
a calma que os fez resistir anos a fio encarando o horizonte sem nuvem , o rio também levou
e a água que fez do rio vida para muitos
casa para tantos, trabalho e comida, cosmos de sorrisos simples e tranquilos,
morreu e fez secar o rio.
Dizem que o sol se apaixonou pela água
e de vapor assim a tornou
para trnasformá-la em nuvens namoradas...
Foi então que sucedeu da água espelho do sol se entregar ao céu
abençoando seus filhos póstumos
com lágrimas.

olho de lua


Quero o olho da lua!
quero ser essa cintilância majestosa espetada no meio do céu
lá do alto de meu trono espectral, expor somente a retina,
ver,sem sentir, a espécie que se induz ao erro arder todo dia...
quero vasculhar a existência dos homens com olhos fictícios de quem não chora
sendo apenas alvura iluminada que percorre o espaço do sol no infinito
desafiando a melancolia vespertina a celebrar e a sonhar fitando o refulgente horizonte
na ardorosa expectativa de uma anunciação que fica sempre pra depois de depois de amanhã
uma obra-prima egoísta na antecâmara de um rei, que jamais se fará presente
amparo e vilã duma véspera eterna
que prende os homens e escraviza as mulheres
ao gosto e ao desgosto da rotação de astros e cometas
insensíveis