Infinitude
Não ficarão as coisas findas
Senão na imaginação...
Ou na memória que a vida
Pouco a pouco modifica.
Topázios, safiras, diamantes,
Resistem pela frieza,
Pela dureza preciosa
Tal como o meu coração.
Contudo,
Há vastíssimos oceanos
Esperando a travessia,
E há a vertigem do amor
Que a noite transforma em dia
(E a alegria dos outros gerando a nossa alegria)
Inútil dissimular
Essa tristeza que invade
O sonho, o silêncio, à tarde.
Pois nenhuma contenda explica
Essa dor que vem e fica,
Como relíquia preciosa
de guerras ultrapassadas
(e palavras mentirosas).
Contudo, vale deixar,
Matéria tão nobre e pura
Para reflexões futuras.
Agora é continuar...
E foi assim que dei de rosto
Com a humana desventura,
Preferindo sucumbir,
a essa chama interna e pura,
à ter por bem assentado,
o entendimento do mundo,
ou melhor, a sua fábula,
o esplêndido banquete
para a curiosidade
de artífices, capitães, reis,
filósofos, teólogos,
que andam atrás da verdade
como uma pessoa viva ,
uma pessoa que exista
com carne, osso e coragem.
Ninguém me conduziu,
Senão o gosto de reviver o que estaria morto,
e se a palavra escrita não coubesse
o poder que tem e lhe confere,
por acréscimo, nossa releitura
de reviver qual chama ao menor sopro.
Fica assim inaugurada
uma nova forma rara,
de estar sempre na eminência,
naquela espécie de véspera,
que desafia o mistério
do encontro pleno, completo
E por que não mude de ânimo
(seria fácil remédio),
Faço um pacto com o infinito,
Deixando o primeiro capítulo
Adiar-se para amanhã
e depois para depois de amanhã,
e muitas outras manhãs claras e perfeitas,
qual convém ao que se deita
cedo para bem cuidar
seu campo e sua colheita
Falar de amor não é apenas
Atravessar algum deserto
e de repente, sem querer
chegar ao Oásis singelo,
espaço luminoso e úmido,
onde os destemidos se perdem,
na urgência de beber
da água límpida que surge da terra
com leques de altas palmeiras
cobrindo com o seu verde a areia.
Amar é ficar no deserto,
Com sua sede
E sua imensa desolação de céu aberto.
Por isso a recusa perene
Da mesa farta à razão
Para o convite que vos faço
Levando em conta o coração,
Levando em conta as exigências
A que sem querer nos obriga
Tal como ao vento no campo
Se verga do milho a espiga.
(Raquel Dantas Duarte, em 29/10/01 após assistir ao programa do Jô)
3 comentários:
sou fã dou fã sou fã
lind linda linda
a poesia e a amiga tb!
li as 3 primeiras linhas, porém nao consegui prestar muita atençao diante da maravilhosa trilha sonora:"piriri pom pom piriri pomom, poim poim poim..."
hahahah
amanha leio...
OPA... "ah q isso elas estao descontroladas! ah q isso elas estao descontroladaaas!" kkkk hj a coisa ta braba!
:*
Será que salvador sabia fazer bumbuinsss??
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