sexta-feira, setembro 01, 2006

Infinitude

personnage à une fenêtre, salvador dali



Infinitude

Não ficarão as coisas findas

Senão na imaginação...

Ou na memória que a vida

Pouco a pouco modifica.

Topázios, safiras, diamantes,

Resistem pela frieza,

Pela dureza preciosa

Tal como o meu coração.

Contudo,

Há vastíssimos oceanos

Esperando a travessia,

E há a vertigem do amor

Que a noite transforma em dia

(E a alegria dos outros gerando a nossa alegria)

Inútil dissimular

Essa tristeza que invade

O sonho, o silêncio, à tarde.

Pois nenhuma contenda explica

Essa dor que vem e fica,

Como relíquia preciosa

de guerras ultrapassadas

(e palavras mentirosas).

Contudo, vale deixar,

Matéria tão nobre e pura

Para reflexões futuras.

Agora é continuar...

E foi assim que dei de rosto

Com a humana desventura,

Preferindo sucumbir,

a essa chama interna e pura,

à ter por bem assentado,

o entendimento do mundo,

ou melhor, a sua fábula,

o esplêndido banquete

para a curiosidade

de artífices, capitães, reis,

filósofos, teólogos,

que andam atrás da verdade

como uma pessoa viva ,

uma pessoa que exista

com carne, osso e coragem.

Ninguém me conduziu,

Senão o gosto de reviver o que estaria morto,

e se a palavra escrita não coubesse

o poder que tem e lhe confere,

por acréscimo, nossa releitura

de reviver qual chama ao menor sopro.

Fica assim inaugurada

uma nova forma rara,

de estar sempre na eminência,

naquela espécie de véspera,

que desafia o mistério

do encontro pleno, completo

E por que não mude de ânimo

(seria fácil remédio),

Faço um pacto com o infinito,

Deixando o primeiro capítulo

Adiar-se para amanhã

e depois para depois de amanhã,

e muitas outras manhãs claras e perfeitas,

qual convém ao que se deita

cedo para bem cuidar

seu campo e sua colheita

Falar de amor não é apenas

Atravessar algum deserto

e de repente, sem querer

chegar ao Oásis singelo,

espaço luminoso e úmido,

onde os destemidos se perdem,

na urgência de beber

da água límpida que surge da terra

com leques de altas palmeiras

cobrindo com o seu verde a areia.

Amar é ficar no deserto,

Com sua sede

E sua imensa desolação de céu aberto.

Por isso a recusa perene

Da mesa farta à razão

Para o convite que vos faço

Levando em conta o coração,

Levando em conta as exigências

A que sem querer nos obriga

Tal como ao vento no campo

Se verga do milho a espiga.

(Raquel Dantas Duarte, em 29/10/01 após assistir ao programa do Jô)

3 comentários:

Pazzia disse...

sou fã dou fã sou fã
lind linda linda

a poesia e a amiga tb!

Anônimo disse...

li as 3 primeiras linhas, porém nao consegui prestar muita atençao diante da maravilhosa trilha sonora:"piriri pom pom piriri pomom, poim poim poim..."
hahahah
amanha leio...
OPA... "ah q isso elas estao descontroladas! ah q isso elas estao descontroladaaas!" kkkk hj a coisa ta braba!
:*

Anônimo disse...

Será que salvador sabia fazer bumbuinsss??