Há na cabeça do peregrino
A mistura do imortal com o passageiro
Efeito colateral de quem passa, de quem fica passando,
De quem passa ficando
Vislumbre de permanência que incendeia os olhos
Na mistificada cabeça de quem pensa e passa
Estar na eterna iminência do que virá
Deixar pra trás tempos de alegria
Trocar essas alegrias por outras que hão de vir
Faz do olhar peregrino um pouco de tristeza
Que se entrega a tudo e nada recebe em troca
No êxtase de pequeninos instantes
Do peregrino a lembrança qual colcha de retalhos...
Um coração repartidinho
Onde cada um tem seu pedacinho
Faz do gostar peregrino gesto de generosidade
Faz do peito peregrino campo de batalha
Do destino comandante
De quem vê, de quem passa
E por com quem fica não pode estar jamais
Casa-se então o peregrino com seu caminho
A beleza peregrina
É maldição a quem lhe atrai
Soubesse de quem do peregrino gosta
Sua sorte
Os olhos se fechariam a beira da estrada
Pra não ver passar sua felicidade a dar adeus
O peregrino sempre segue sozinho
Se volta a quem o amou
Já não encontra...
Se vai, se vai sempre
O peregrino com seu olhar, seu peito
Sua beleza...sua colcha de retalhos...