Asas negras do destino sobrevoam,
Rodeiam em prece a espera do último suspiro
Dessa idéia, essa exata que descrevo
Querendo devorá-la
Querendo desgastá-la
Até que se torne carniça exposta
Terror fétido no asfalto
Nas janelas abertas dos transeuntes
Assassinada pela seca
Caminhou rios de deserto de lucidez
E até sua homenagem póstuma
Não fora toda consumida
Faltou-lhe chão que a resgatasse
Das alturas de onde procede
Agora se vêem urubus...
Idéia para que se viva necessita chão
Necessita norte mesmo que este seja
Livre e opositor
Pois idéia é pasto para gado de evolução
É poste a gerar luz em quilometragem
E onde está a minha senão perdida
A espera de lápide e túmulo?
E quem sou eu senão solene funeral?
Espere,
Veja aquele carro
Viaja veloz e já mais uma vez atropela
Outro preá
Sétimo de sua família
O perfeito número pela morte ceifado
Desde que iniciamos nessa viagem
Nossa viagem que acabou, mas não chegou ao fim
Foi apenas um sonho que tive ontem que acaba de morrer
Na pressa do motor
Sem redentor,
Sem música
Sem dor
Sem lágrima
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