quarta-feira, outubro 28, 2009

Vaga-lume





Intensidade

que o olhar fagulha

Torneira aberta
Pedaços de chão se desfazendo ribanceira abaixo
Curva de rio
Laço de laçador
Que se compreende e se perfaz
No silencio anil do luar, antigo lume
Precede primavera preferida
Não há o que se pense na pausa,
O pulsar escorre vagamente
Leve, momentaneamente e oceana o som
Vai, deixa-te ir sabiamente
Fulgor eterno quando a lembrança se esquece
Aquece a folha o vento nu
Sol eterno, luz azul
Emergindo a piscar
Continuamente


domingo, outubro 25, 2009

Um sorriso em meu caminho



Elas sorriem.


Cúmplices dos mesmos crimes diferentes.


Iguais na vaidade e na miséria que não se escolhe, se acata.


Não podem não sorrir se o peito sangra.


Aliás, ele não pode sangrar se está em exposição e à venda.


Passam os carros e elas procuram estranhas curvas para aliviar essa tensão estomacal


Querer é igual a não querer.


Lamentar é luxo.


Gozar é um final de pleno desespero,


Cúmulo de Sujeira,


clemência e escuridão no templo de Deus.



.Camila Sousa



terça-feira, outubro 20, 2009

Ayer

A marca de ontem no rosto

A mente desnuda

Lentamente móveis debaixo dos panos

Respiro fundo e deixo ir

Recordações na poeira fina da sala

Se ontem o amor que preciso é hoje o que me falta

Abriram janelas em minha alma

Respiro fundo e me deixo ir

Aonde os pés me levem

Pois o leve flutua na bruma do pensar

Sem se deixar manchar de riso ou de saudade

Apenas vai avisando a vida que tudo se esvai

Respirando fundo e solta

Levemente

Sente

Sentimentalmente

domingo, outubro 11, 2009

Desambiguação


Todo mundo sentindo e eu aqui

Tomando goles de monotonia na estação de trem

Expurgando vômitos de inquietude pelos poros

e na lua que jorra culpa em meu copo

Se para lá ou para cá

Que importa?

Meu mundo danou-se

Restou esse alquebrado ser

Que escreve palavras rotas de enfado

Jogando cinza no imaginário alheio

Minha vida é uma patifaria rigorosa

Luar que chove na matéria anal dos substantivos femininos

Trago o traço de pirraça traçada

Pela mumificação de sorrisos impostos

Nada cobro

Eternizo-me na superfície do espelho