domingo, maio 31, 2009

Três Marias ou canto do filho morto de Zeus


Possuía três amantes

E com as três levava uma vida de deus

Sobre os montes e

Os cabelos,

Dorsos, tornozelos,

Sina de mulher

Profanava a tríplice sapiência ( sabedoria é anca de mulher )

Enfiava a língua onde não devia

No triunvirato de minhas putas-raparigas

Madre deus , ave Maria

O mundo as trata com a delicadeza que me falta

Elas pressentiam a não fineza em meus gestos

Bendiziam o silêncio presente

Entregavam-se resignadas

Pois ouro e sangue engalfinhavam-se veia afora de meus membros potentes

Agora extintos

Mistura vil, libidinosa, a transpassar minha lucidez com fome e ânsia

Pela maciez terrenal

Nenhuma dessas santas ama-me, amamenta-me

Eu as possuía como a terra possui as nuvens

Hoje sou temerário com todas elas, em um corpo dourado e exangue



Um comentário:

Ivan de Aragão disse...

E eu esqueci de dizer que a imagem é ótima! :]