Ignorava os fatos enquanto sentia a brisa salgada do mar em meu rosto.
Meus olhos fitavam o horizonte infinito mas sempre igual. Não havia esperança.
O vento me contava esse segredo quando um barco solitário surgiu no meio do nada.
Trouxe água para meu deserto. Bastou um olhar. Com olhos de verdade contemplou a inteireza da minha solidão...eu ignorava os fatos, mas a Verdade vestida de bronze que encontrara naquela tarde não precisou dizer nada para que eu a reconhecesse.
Entrou em mim feito espelho, nele encarei meu próprio pesadelo : eu mesmo. Mas a Verdade estava do outro lado me estendendo a mão.
Serei eu?
Me puna com o silêncio prolixo de seu olhar se assim bem o parecer, pois esse monstro que contemplo agora nesse espelho já foi capaz de muitos horrores, mas não me diga que com um beijo para morte eu o entregaria...
Prefiro eu morrer, matar, destruir o que já é morto e destruído em mim. Entregar a Verdade em mãos imundas não fazia parte dos meus planos. Serei eu a mentira?
Minha condenação se encerra no sofrimento da Verdade e da Vida que se entregaria de livre e espontânea vontade...
Senhor, serei eu o destino de tão amoroso olhar?
Eu ignorava os fatos. Porém jamais poderia me furtar daquela Verdade.
Naquela tarde minha vida era dEle na mesma intensidade em que o céu era do mar no horizonte infinito.
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