Quando me falta inspiração para a vida
e as rodas de alegria infâme são nada mais que poeiras de tédio
poluindo minha garganta...
quando os sorrisos efusivos que recolho e passo adiante
nada mais são que mera ginástica facial...
quando me canso de tudo isso, quando me escaldo de tudo isso
quando me lavo disso tudo, me esfrego, me passo me guardo, me seco de tudo isso
puxo uma frase de debaixo do lençol, deito na cama,
abro meu caderno
e sobre a passividade devota do meu amante
transponho-me a claridade de um mundo que é só meu
conduzida pelo rastro negro multicor daquela tinta
sou levada impassível a um estranho lugar
ouço gritos da zombaria fanfarrã, dos seres sociais
a festejar sua unidade [a qual não pertenço]
ficando pra trás...
pertenço a unidade enigmãtica dos não-lugares,
das icógnitas criaturas que por lá transitam
observando-as, em expressões frias me torno uma com elas
estabelecendo vínculos, criando-lhes histórias
dando-lhes nomes, filhos,
acentos agudos e circunflexos
sendo íntima , viajo nesses seres que são meus.
sou mais deles que eles meus.somos.um grande apanhado de possessividades.
tenho meu grupo e não preciso de mais nada
enquanto penso nisso
alguém vem e sorri para mim com mãos em palma
sem precisar saber meu nome pois já gosta de mim
somos amigas de infância e já viajamos juntas
pergunto se poderia ser assim também com as pessoas do mundo de cá...
...silêncio...achamos desnecessário entrar no assunto.
Sobre vivência
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Eu atendo vítimas de violência sexual. E, diferente do que você pode
imaginar (e eu mesma imaginei), não é tão pesado fazer isso. Pesadas são as
histórias,...
Há 8 anos
Um comentário:
Entendemos esta tinta...somos esta tinta...
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