Silencio
Pois chegou a embarcação
Não trouxe nada
Não há tripulação
Só meu barqueiro
E suas águas tristes
Veio levar, lavar o mar
A vida
No rio se esguicha
Correnteza, delírios
Brilha o por do sol
Mas as águas são turvas
Rio de lágrimas
A barca
Abarca meu coração
Quando Gaia desposou Urano os ventos do céu se precipitaram no mar.
No útero da terra os filhos dos homens santos se entregaram às filhas da natureza livre.
Castidade foi convencida pela dança das ninfas a se tornar insana, mas feliz.
Sua mãe abençoou a terra com as mais belas promessas de amor.
Filhos com filhos, pais com pais e irmãs com suas primas e tias.
Aventurando-se em corpos alheios aos seus qual detentores dos segredos do universo.
Então as estrelas invejaram os sabores que dali subiam e iniciaram sua jornada pelo vasto caminho sideral, fazendo do sul o norte.
As mais belas se entregaram à queda tornando-se deusas da fertilidade.
Trouxeram ao mundo a dança sagrada
E de sol a sol os homens foram felizes
amando a lua como os seios de uma mulher.
Não era mais importante minha tristeza
O olho, o olhar...
Tinha os olhos murchos
Ao redor
Dentro, não se sabe,
Não é possível prever certas pessoas de relance
A simplicidade de ter os pés alados, mas pisar o chão
Só para acolher,
Chegue aqui, entre no meu guarda-chuva. Entrei.
As marcas de raios impressas em temíveis cicatrizes não a assustaram
E assim caminhamos umas esquinas a conversar de plantas e palmitos
Por fim: apareça, apareça
Aquele olho...
O olhar sacrossanto penetrando-me num descompasso
Seu nome, por favor? É Angélica, você não é daqui né?
Eu sabia, era um anjo! Mas não disse, pousei meus olhos nos dela.
Certamente não Angélica
Nem você.
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