terça-feira, julho 29, 2008

segundo


Macio, suave e plácido vem aos poucos

No tom da música simbólica do momento

Invade vibrante

Percorre tenaz

Cobra rastejante em meu corpo flamejante

E os poros se abrem quais ouvidos

Ouvidoria de penas delirantes

Arrepio sufocante

Cotovia ondulante

À deriva lá se vai o desejo migrante

Mas o mar é morto

Amar é maré

Maremoto de ansiedades idealizadas

Onde os corpos caem...

No enredo das delicias, sílabas e entrelinhas

Decifradas, entrelaçam dor e coisa

Mãos que seguram...

Pés que pisam...

Cores que versam...

Cabeças se erguem estupefatas

Quando as palavras silenciam

Nos lábios arquejantes

É o amor dilacerante


segunda-feira, julho 07, 2008

Número zero


Qual é a medida do possível?
será um talhe de Deus?
será um dedo de Zeus?
qual a vestimenta que igual a toda vestimenta
quer encobrir a verdade?
qual a altura do sol?
onde é o fundo do mar?
será o fundo profundo no mais fundo do eu?
será a chama
será a cama
será a lama...
qual o contraste da cor?
a densidade da dor?
o calor solar, o complexo lunar
o colar da justiça
invólucro da estadia finita no astral,
no corpo a pena é dura
mas a vida perpetua seu canto nos confins mais abstratos do universo
a galáxia das quimeras, eternidade...
o espírito arde para além da abóbada estelar
não se finda o sonho
ainda que durma o insone
ainda que acorde o que dorme
Pra sempre, nunca e jamais.