quinta-feira, julho 30, 2009

Contentamento


Por entre torres brancas em cascata
o sol poente desfibrila
sobre passos nus e recalcados
geme a rosa ardente da oração
Trago meu corpo humilde e cansado
e me rasgo
perante a benção da extrema unção
oh agora não!
ainda não minha mãezinha
que não pequei por ter amado
que não chorei sem sentir dor
Me permita viver mais um bocado
beijar o lábio, tocar o corpo
sacralizar meu prazer
ou manchar o alvo chão de açucar e água,
ó minha carne compungida
absorve
a última seiva da humanidade
e morre!

domingo, julho 12, 2009

Lobo




Eu sinto a falta dos perfumes do centro

das lojas velhas
das frutas podres
meu paladar arcaico é uma velha nostálgica moribunda

Sou velho lobo do mar

ando pelo mercado a oferecer meu pescado

desejoso das ervas finas do amor
os escalda-pés, os banhos matutinos

contudo me aproximo da relva domingo de manhã
e dou meus últimos suspiros
...
perante a exuberância do sol eu dito: não morrerei de amor
e ele consente

um cumprimento leve entre velhos conhecidos

Quando ela sorriu

Acudam
Monalisa me sorriu
A lua tava cheia, fazia frio
Meu copo estava vazio

Era todo de silêncio seu olhar
Nada, nenhum som orvalhava o horizonte
Só as mãos plácidas, pontuais
de Monalisa...

Quando ela sorriu
foi meu coração destrambelhado
que virou música