domingo, julho 30, 2006

Eu, peregrina


Há na cabeça do peregrino

A mistura do imortal com o passageiro

Efeito colateral de quem passa, de quem fica passando,

De quem passa ficando

Vislumbre de permanência que incendeia os olhos

Na mistificada cabeça de quem pensa e passa

Estar na eterna iminência do que virá

Deixar pra trás tempos de alegria

Trocar essas alegrias por outras que hão de vir

Faz do olhar peregrino um pouco de tristeza

Que se entrega a tudo e nada recebe em troca

No êxtase de pequeninos instantes

Do peregrino a lembrança qual colcha de retalhos...

Um coração repartidinho

Onde cada um tem seu pedacinho

Faz do gostar peregrino gesto de generosidade

Faz do peito peregrino campo de batalha

Do destino comandante

De quem vê, de quem passa

E por com quem fica não pode estar jamais

Casa-se então o peregrino com seu caminho

A beleza peregrina

É maldição a quem lhe atrai

Soubesse de quem do peregrino gosta

Sua sorte

Os olhos se fechariam a beira da estrada

Pra não ver passar sua felicidade a dar adeus

O peregrino sempre segue sozinho

Se volta a quem o amou

Já não encontra...

Se vai, se vai sempre

O peregrino com seu olhar, seu peito

Sua beleza...sua colcha de retalhos...

quinta-feira, julho 27, 2006

A idéia and Qélia :P


A idéia

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.

Augusto dos Anjos


*Quélia é ousada, tu oferece a mão e ela vai querendo tudo...
Quélia é uma incógnita, é preciso ter cara p desvendá-la.

Quélia é energia, basta um abraço para senti-la.
Quélia, quélia, quélia
Adoro quélia! :*

:o)

Rélis

quinta-feira, julho 20, 2006

quem não ama mainha já morreu! =P


Tua palma é um útero de conforto,
inatingível em tua sensatez
me estendes o braço, a mão, a palma
e as delícias junto com todo teu portal de emoções
extensão de sabedoria
percebes o tudo que abrigo em um gesto
antes que eu mesma saiba
és oráculo, assim te comportas
assim teus súditos te reverenciam
maestra da oculta orquestra de quereres
o mundo precisa de ti
a terra precisa de ti, o quintal, a casa, a cidade, as ruas, até os gatos precisam de ti!
e eu mais que todos juntos
gosto de ti de longe, ao lado
e ainda mais perto
gostar de longe é saudade
ao lado, necessidade
e ainda mais perto porque te amo
te amo mais que o mundo
te amo mais que a terra
te amo mais que os gatos
os gatos te amam, até os gatos!
te amar é intrinseco a todos que são contemplados com "você"
minha primeira casa
minha primeira vida
preciso morrer antes de você
sorri pra mim
posso chorar ao lembrar desse sorriso
só na ânsia de querer que vivamos
juntas mais dez séculos,
daria meu sangue se precisasse
uma vez que ele é seu
meus olhos são seus
minha mão é sua
a terra é sua
o quintal, a casa, a cidade, as ruas
são tuas
até os gatos...

terça-feira, julho 18, 2006

incon.

Fendas cavernosas
negras do passado
meu EU arquivado
como poderei entrar?
flutuo no jardim
sem poder tocar as rosas
sinto o aroma mas não vejo as cores
és tão denso quanto parece, negro mar de ilusões?
se és tão negro, donde vem essa luz com que as vezes me assinalas,
são meus ou teus olhos a piscar?
que tipo de vento agita tuas águas
enquanto te escuto no silêncio?
sussurrar de àguas são ondas ferozes...
eu, velejando no pequeno barco
estou a mercê de tuas inclinações vagas;
vagas procedentes de impressões parcas
da era em que não mais me vejo
como invisível cordão umbilical que nos ata
e expõe-nos a torto e a direito em costas desconhecidas
que o teu Deus te bendiga!

domingo, julho 09, 2006

mirror


Quem és tu ó fragmento que me persegue?

Olho, tento atravessar esse vidro

E conseguir chegar até você...

Este fragmento que só me traz

Dúvidas, incertezas, lembranças.

Estou cansada de perguntar

Olho para ti, quem é você?

Como posso não te conhecer?

Sei que você é a imagem do meu presente

Mas que acena aos fantasmas do passado

Me afoga no mar de incertezas do futuro

Ainda assim, sinto que não te conheço

Pára! Para tudo.

Não tens vida

És apenas uma mera projeção...

De outra projeção

Tu não tens importância

Se quem estiver do outro lado não tiver

Mas não tens vida

Não tens vida...

Quem és tu ser sem vida?

E o outro, tem vida? Vida verdadeira?

Tem?

E quem é o outro?





esse é de minha doce e linda amiga Mariana Aquino
=]

quinta-feira, julho 06, 2006

Outro



Mais uma vez.
e assim o será
toda vez que voltares
tuas palavras carinhosas
derretem sim
o mais decidido dos corações gelados
gelo que vira lágrima
velada por tua veludosa voz
símbolos que remetem
ao carinho enclausurado pelo tempo e espaço
e eu cativa...sou!
das catacumbas subterrâneas
formas do teu desejar
vou decodificando teus disfarces em agrados
a pão e água
mas não cedo
rio de desejo não seca nem sob penoso sol!
venha mais causticante!!!
minha perseverança a desdenhar dos obstáculos...
antes tarde do que jamais, conheces o ditado?
a sua voz, sempre! mesmo grafada
há de me sustentar...



imagem: Salvador Dali Archeological reminiscence Millet´s Angelus

segunda-feira, julho 03, 2006

A la Heidegger e Sartre...uns vitupérios existencialistas
















Sob as estacas ardilosas do tédio,
sangrando, o dínamo juvenil!
esvaindo-se de ansiedade
vai se sujeitando obrigatoriamente
ao peso da rotina...
arrasta-se atrás da fresta, vítima desse compasso...
as asas são agora de chumbo
asas engaioladas são sonhos malditos!
pesadelo da liberdade;
desamparo e angústia existencialistas
perpassam os arcos desse sorriso irrefletido
fere minha essência, a inexistência de sua precedência
ontem buscava cumprir uma missão
por ela era impedido de voar para muitos horizontes, mas voava...
hoje meus olhos fitam o amanhã
lá saberei quem sou, apenas lá
mas posso arriscar um palpite
serei um ser impregnado de nada!
deixarei como herança o fardo das minhas decisões
frustração!
que a humanidade bem a aproveite.


por favor...sem maiores interpretações






sábado, julho 01, 2006

Do mar.


Encerraste a beleza e o mistério
de todo universo em apenas um sorriso
quando vi tua fotografia
me peguei cerrando os olhos
como se estivesse contemplando o sol
a alvura da tez realmente nao há de negar
que refletes pura luz
a pupilas dilatadas de carência
ou de apenas curiosidade
diria mais...de admiração elas se redobram...
Tu
modelo de excelência
em docilidade e delicadeza
não destinado a bichos estranhos
que curiosamente são tão encontrados em tua órbita
talvez porque sejas também um bichinho
pronto para abocanhar as mais variáveis espécies de aventuras
ansioso por estar a deriva
num oceano tão desconhecido
nessas horas, os marinheiros
são mais encantados que os príncipes
talves tu nao queiras um castelo
e prefiras a floresta ou uma longa caminhada
e belas paisagens,
nesse caso um peregrino lhe cairia muito melhor que um trovador,
imagino que tenhas um pouco deles
algo de principe, de peregrino
e de trovador
e nao precises de mais nada
mesmo assim ofereço-te minha presença
porque talvez eu precise dessa tua luz
nao me negues isso
deixe me aproximar de ti
esses meus lisonjeiros comentários
quem sabe nao descubras
que sou verdadeiramente fiel
em minha contemplação
e isso seria para ti
um digno troféu
autenticação do teu encanto
empalharias meus versos
e os exporias em tua sala de estar
as feras que tu dominaste
quando a ti tentavam dominar
e entao todos saberiam
que acima de tudo és vitória!
e temeriam o desafio
com medo de também serem devorados
tentando devorar
e isso seria para mim
maneira sublime de afirmar
conquista e coragem,
tão preciosas
dado o grau de dificuldade!
...barganho meu próprio coraçao por ti,
barganho meus conhecimentos
e trago o pó da lua
só para ver sempre
esse sorriso se abrindo em minha direção
me mostrando o caminho dos anjos
a precisão dos melhores artesãos
uma brecha para tua alma
e mergulharia em teu ser
toda lava desse vulcão
nessa fusão imaterial de egos
viraríamos estrelas
as veríamos bem de perto
e tocaríamos o céu
sempre que desejássemos.